Janot mira em Dilma e Lula
Novas provas do procurador-geral da República confirmam que o petista e
a presidente afastada trabalharam para obstruir a Justiça
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, já tem provas suficientes
para garantir que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a sua sucessora,
Dilma Rousseff, operaram para barrar as investigações da Operação Lava Jato. A
quebra do sigilo fiscal de Maurício Bumlai, filho do compadre de Lula José
Carlos Bumlai, e-mails do Instituto Lula e registros telefônicos comprovam o
conteúdo da delação do ex-senador Delcídio do Amaral. Todos estes documentos
foram encaminhados por Janot ao Supremo Tribunal Federal. A papelada, segundo
procuradores, prova que o ex-presidente foi o mentor da operação para tentar
comprar o silêncio do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró. Mostram também
que o dinheiro entregue à família de Cerveró partiu das contas do filho de
Bumlai e que os encontros com Lula narrados por Delcídio em sua delação, de
fato, ocorreram. A robustez dos indícios colhidos coloca Lula mais próximo de
ser condenado por obstrução à Justiça.
Em
depoimentos, Delcídio do Amaral e seu chefe de gabinete, Diogo Ferreira,
disseram a integrantes da Lava Jato que o ex-presidente Lula temia que Nestor
Cerveró pudesse, em troca de redução de pena, narrar fatos que o comprometessem
ou incriminassem seu compadre José Carlos Bumlai nos desvios da Petrobras. A
operação para comprar o silêncio do ex-diretor da Petrobras acabou frustrada após
o filho de Cerveró entregar às autoridades áudios de uma reunião em que
Delcídio oferecia até um plano de fuga cinematográfico ao exterior para o
ex-diretor da estatal, preso desde janeiro de 2015. A entrega das gravações
foi, aliás, o primeiro passo para que Cerveró firmasse um acordo de delação
premiada. Para desespero dos petistas, ele contou à Justiça que parte do seu
crescimento profissional na estatal se deve à gratidão de Lula por serviços de
corrupção prestados. Detalhou como tirou do papel uma operação ilícita de
aluguel de navios-sondas pela Petrobras para quitar um empréstimo de R$ 12
milhões feito por José Carlos Bumlai, compadre do ex-presidente, com o Grupo
Schahin.
E-mails comprovam cinco encontros entre
lula e Delcídio. O plano de comprar
o silêncio de Cerveró teria sido articulado em uma destas reuniões
o silêncio de Cerveró teria sido articulado em uma destas reuniões
Os
problemas do ex-presidente vão além. As investigações da Lava Jato dizem que
ele possibilitou o Petrolão. Apuram também as supostas ocultações de um sito em
Atibaia e de um tríplex no Guarujá. Os imóveis foram reformados por
empreiteiras investigadas nos desvios da Petrobras. Em outra frente, a Polícia
Federal deflagrou a operação Janus, na sexta-feira 20, para investigar parentes
e pessoas próximas ao ex-presidente por suspeitas de receberem vantagens para
auxiliar na obtenção de empréstimos do BNDES.
Outra
tentativa de barrar a Lava Jato narrada pelo ex-líder do governo Delcídio do
Amaral é alvo de um pedido sigiloso de investigação no Supremo Tribunal
Federal. A Procuradoria-Geral da República deseja aprofundar as denúncias do
senador de que houve uma conspiração envolvendo a presidente afastada Dilma
Rousseff, o então ministro da Justiça José Eduardo Cardozo e dois ministros do
Superior Tribunal de Justiça (STJ) para livrar executivos. Segundo a delação, o
Palácio do Planalto, em acordo com o presidente do STJ, Francisco Falcão,
nomeou Marcelo Navarro Ribeiro para a Corte. Em troca, ele votaria
pela liberdade de empreiteiros. Todos se dizem inocentes. No cargo, Marcelo Navarro Ribeiro
se posicionou favorável à soltura de executivos da Andrade Gutierrez, mas
acabou derrotado. Um fato que corrobora as acusações de Delcídio e coloca em
dúvida a isenção de integrantes dos principais poderes da República.