‘Queria ter ido junto com
ela’, lamenta idoso em sepultamento de mulher morta em Niterói.
Foto: Reprodução
O Globo
“Eu só
queria ter ido junto com ela”. Casado há 48 anos, Francisco Múrmura, de 69, viu
a mulher ser assassinada por bandidos na sua frente, na comunidade do Caramujo,
em Niterói. Dono de uma agência de viagem, o casal saiu do Leme para jantar com
a família no bairro de São Francisco, mas errou o caminho, apontado por um
aplicativo para celular, e entrou em uma rua homônima, Quintino Bocaiúva, na
área de risco.
A quadrilha
local disparou quase 20 vezes contra o carro. Francisco chegou a sair do
veículo e tentar explicar que se tratava de um erro, mas levou uma coronhada.
Depois de implorar aos bandidos, conseguiu ir embora, mas sua mulher, Regina
Múrmura, de 70 anos, já agonizava. Desesperado, dirigiu até o Hospital Azevedo
Lima, no Fonseca, onde Regina morreu de parada cardiorrespiratória.
— Fiquei
frente a frente com eles. Acharam que eu era policial. Eu disse que não era.
Falei: “Vocês acabaram de acertar a minha mulher, eu preciso ir embora rápido
para o hospital porque tenho que tentar salvá-la” — contou Francisco, que,
apavorado, ainda tentou massagear Regina porque, por alguns instantes, achou
que ela não estava ferida, mas em choque: — Ela gritava: “Nossa Senhora, Nossa
Senhora!”. É um milagre eu estar aqui.
Há pouco
tempo, Regina começara a usar o aplicativo. Francisco, que também é juiz
arbitral, também não estava acostumado com a nova tecnologia. A empresária foi
alvejada pelas costas e o tiro, provavelmente, entrou pela mala do carro.
No sepultamento
do corpo da mulher, no Cemitério São João Batista, Francisco, muito abalado,
fez um apelo:
— Peço ao
governador que coloque algum aviso lá (na favela). Na hora em que acontecer com
a família deles, vão cuidar mais disso.
A Polícia
Civil informou que que busca testemunhas e que imagens de câmeras da região
serão analisadas. A PM informou que vai instalar mais uma companhia (já existem
duas unidades) na região, mas não há data estipulada.